11 junho, 2010

Oito regras de Vonnegut

O único livro que li de Kurt Vonnegut foi o maravilhoso "Matadouro 5", uma história de guerra que mistura, com uma agilidade impressionante, drama, humor e ficção científica.

Então, só com base nesse livro, se ele estabelece "oito regras para escrever uma história curta" eu tenho a tendência de recebê-las como verdades absolutas. A lista está em “Bagombo Snuff Box: Uncollected Short Fiction”, e a tradução abaixo é de João Paulo Oliveira, do site Mais 1 livro.

"1. Use o tempo de um completo estranho de tal maneira que ele ou ela não sinta que o tempo foi desperdiçado.

2. Dê ao leitor ao menos um personagem pelo qual ele pode simpatizar.

3. Todo personagem deve desejar algo, mesmo que seja apenas um copo de água.

4. Toda sentença deve fazer uma ou duas coisas: revelar o personagem ou avançar na história.

5. Sempre que possível, comece sua história pelo ponto mais próximo do seu final.

6. Seja sádico. Não importa quão simpáticos e inocentes sejam seus personagens principais, faça coisas terríveis acontecer com eles para que o leitor perceba do que eles são feitos.

7. Escreva para agradar apenas uma pessoa. Se você abrir uma janela e fizer amor com o mundo, assim dizendo, sua história vai pegar uma pneumonia.

8. Dê aos seus leitores o máximo de informação o mais cedo possível. Que se dane o suspense. Leitores devem ter um entendimento tão completo do que está acontecendo, onde e porque, para poder finalizar a história por eles próprios se as baratas comerem as últimas páginas."

Na voz do próprio Vonnegut:
http://www.youtube.com/watch?v=4bn6zc0Hywk

(Via Jorge Furtado)

18 maio, 2010

Arte na anamorfose

Funciona assim: a obra de arte é, em si, deformada; mas o ponto de vista do observador faz a diferença, corrigindo as distorções. O blog Massa Crítica colecionou uma galeria impressionante. Clique na imagem, vale a visita:

arte anamorfica

10 abril, 2010

14 fevereiro, 2010

Wal-Mart

Quem frequenta as lojas Bompreço e Hiper Bompreço aqui no Nordeste talvez ainda não tenha percebido algumas de suas estratégias capitalistas superdiscretas: supérfluos à frente, brinquedos e doces na altura das crianças, mais supérfluos na imensa fila única (para que você fique bastante tempo olhando), promoções de chamariz que são compensadas nos altos preços dos demais produtos, cartão de crédito próprio com parcelamento sem juros, etc.

Só para se ter uma idéia
da engenhosidade
de suas táticas, a rede utiliza programas avançados de computador que, analisando criticamente informações de compras (coletadas por meio dos cartões "Bomclube", segundo alguns), estabelecem vários perfis de consumidores, e reorganizam as gôndolas, as decorações e até mesmo a iluminação para realçar ao máximo o consumo (funciona assim: você entra para comprar uma caneta e sai de lá carregado de compras).

Até aí, tudo bem, todos os que podem, fazem o mesmo... Quem está no mercado deve lançar mão de toda gama de recursos que a ciência da administração oferece. Mas precisamos conhecer um pouco mais a história da Wal-Mart (empresa dona do Bompreço desde 2004), para ter uma visão bem mais ampla da sujeira que a empresa e seus donos espalham pelo mundo.

O texto abaixo, de
Pablo Villaça, sintetiza alguns fatos sobre a rede multinacional de supermercados, a partir do documentário
"Wal-Mart: O Alto Custo do Baixo Preço" (2005), de Robert Greenwald:

"1) Sempre que uma nova unidade Wal-Mart é inaugurada em uma cidade de porte médio, a maior parte do comércio local é destruída em questão de dois ou três anos;

2) O salário pago aos empregados Wal-Mart é tão baixo que é considerado abaixo do nível de pobreza nos Estados Unidos;

3) Os gerentes da Wal-Mart recebem instruções para que seus funcionários trabalhem horas extras sem remuneração, sob pena de perderem o emprego - e são instruídos, também, a alterarem as horas trabalhadas no computador da empresa;

4) As mulheres recebem bem menos do que os homens e enfrentam imensas dificuldades para serem promovidas;

5) Para não ter que arcar com os custos de benefícios para os funcionários, a política da Wal-Mart é instruí-los a pedir auxílio médico, de alimentação e moradia ao Estado, deixando que o dinheiro do contribuinte pague as obrigações que deveriam ser bancadas pela empresa;

6) Os executivos da Wal-Mart chegam a gastar milhões de dólares anualmente para impedir que seus funcionários se sindicalizem - e não hesitam em demitir aqueles que pareçam minimamente interessados em lutar por seus direitos;

7) Com uma freqüência alarmante, lojas Wal-Mart são abertas com o auxílio de subsídios de governos e prefeituras, que deixam de investir em infra-estrutura, saúde e educação a fim de viabilizarem a entrada da empresa na economia local. Em troca, a Wal-Mart teoricamente se comprometeria a investir na comunidade. Na prática, isto não acontece: além de não investir um centavo na economia local, a nova loja geralmente é fechada quando o prazo do subsídio está para vencer e ela teria que passar a pagar 100% de impostos. Em muitos casos, uma nova filial é aberta no limite externo da cidade (para evitar as obrigações de impostos, etc.) e o imenso prédio antigo é deixado abandonado - e, como estes são enormes, é dificílimo encontrar quem os alugue ou compre. Atualmente, há 26.699.678 metros quadrados ocupados por lojas Wal-Mart abandonadas nos Estados Unidos;

8) A Wal-Mart já foi obrigada a pagar milhões de dólares em multas, nos últimos anos, por violações a diversas leis ambientais;

9) A Wal-Mart foi condenada a pagar outros tantos milhões de dólares por empregar imigrantes ilegais em suas lojas, pagando uma miséria a estes "funcionários";

10) As fábricas da Wal-Mart na China oferecem condições desumanas de trabalho aos seus funcionários, além de obrigá-los a pagar aluguel pelos dormitórios que oferecem aos empregados (mesmo que estes não residam ali). Além disso, os funcionários são obrigados pela gerência a mentir quando ocorrem as inspeções periódicas feitas para avaliar as condições de trabalho. E a remuneração? Menos de 3 dólares por dia (incluindo as várias horas extras diárias);

11) Por incrível que pareça, as condições são ainda piores nas fábricas de Bangladesh, onde as funcionárias são agredidas fisicamente por seus supervisores;

12) Depois de visitar várias fábricas da Wal-Mart nos países subdesenvolvidos (ou, como aprendi na minha época, de Terceiro Mundo), o responsável por supervisionar as condições de trabalho da empresa foi demitido justamente por relatar os absurdos que testemunhara;

13) Os cinco integrantes da família Walton (o fundador da Wal-Mart foi Sam Walton) possuem, juntos, um patrimônio acumulado de 102 bilhões de dólares: a viúva de Sam Walton tem 18 bilhões e cada um de seus quatro filhos possui, individualmente, mais de 18 bilhões de dólares. (São a família mais rica dos EUA.) Ainda assim, a empresa insiste em cortar verbas, promove um aumento anual de apenas 4% para seus funcionários e, como já dito, não oferece sequer um plano de saúde decente aos empregados;

14) Embora tenham investido centenas de milhões de dólares para construir uma mansão subterrânea depois do 11 de Setembro (o que permitiria que sobrevivessem ao "Apocalipse"), os membros da família Walton doaram menos de 1% de seu patrimônio para a caridade. A título de comparação, Bill Gates doou 58%;

15) Apesar de terem conduzido uma pesquisa interna que apontou que 80% dos crimes cometidos em suas lojas ocorriam no estacionamento, os executivos da Wal-Mart não investiram praticamente nada na segurança destes locais. O resultado é que centenas de crimes (de roubo de carros a estupros, passando por assassinatos, assaltos e tiroteios) ocorreram nos estacionamentos das lojas Wal-Mart apenas nos sete primeiros meses de 2005. Em outras palavras: a segurança dos clientes não parece ser prioridade para a loja.

O interessante, entre outras coisas, é que Greenwald busca entrevistar principalmente pessoas de tendência conservadora, republicana, a fim de evitar acusações de que seu documentário é mais uma "propaganda liberal" contra as corporações. As vítimas da empresa Wal-Mart vistas no filme são habitantes de Estados predominantemente de direita que exibem, orgulhosos, a bandeira norte-americana em seus jardins e a foto de Bush nas paredes de suas salas. É uma decisão no mínimo bastante estratégica (e inteligente) de Greenwald.

A propósito: há 152 unidades Wal-Mart no Brasil.

Evite-as."


Esse documentário é assustador e merece ser visto e divulgado, mesmo que
5 anos já tenham se passado desde o seu lançamento. Duvido que as práticas tenham sido mudadas, se é que não foram "aprimoradas". Enfim, o documentário é excepcional e eu o recomendo enfaticamente.

Download do filme (.avi, legendado) aqui: Megaupload


Update: aproveite para assistir também ao documentário de 20 min "A História das coisas" ("The Story of Stuff"), no qual Annie Leonard explica como funciona o sistema linear do capitalismo, e como isso prejudica o planeta: Parte 01, Parte 02.

23 janeiro, 2010

Mau gosto #5

"Neste estabelecimento, respeitamos a acessibilidade"

O abraço de Kiki

Oito dias sob escombros do terremoto do Haiti e então... (Nem me atrevo a escrever mais uma linha sobre esse abraço do Kiki)

365 dias de paisagem

O time-lapse é uma técnica de fotografia que registra o mesmo objeto em períodos diferentes.

Em 2008, o fotógrafo norueguês Eirik Solheim gravou 365 dias de paisagem da sua varanda num belo vídeo de 120 segundos, acompanhando todas as mudanças trazidas pelas estações do ano.

06 janeiro, 2010

Humor 2

Ainda tem esse superatrasado (ou supercedo para Natal de 2010):

http://www2.uol.com.br/laerte/tiras/dia-a-dia/veiculos/tira20.gif

Humor

Minha dívida com Laerte já é impagável há muito tempo...

Minotauro (ignore o fato de ser um minotauro)
http://verbeat.org/blogs/manualdominotauro/assets_c/2009/12/LAERTE-25-12-thumb-600x183-6198.jpg

Seus males acabaram...
http://verbeat.org/blogs/manualdominotauro/LAERTE-24-12.jpg

Intercâmbio

intercambio.jpg

03 janeiro, 2010

5 Comerciais excelentes

Definitivamente, a publicidade não pode ser tida como uma forma de arte, já que sua causa e fim são sempre uma razão econômica e o meio de que se utiliza é primordialmente a manipulação. Se houver qualquer sombra de arte numa propaganda, será meramente acidental.

Vez por outra, contudo, essa manipulação e essa matriz mercadológica rendem algumas peças muito interessantes: