26 setembro, 2009

Catálogo #4

No último “Catálogo”, falei sobre um filme para adolescentes (que, aliás, serve muito bem aos que já não o são). Hoje caminharemos na direção oposta: temos um filme adulto que só serve mesmo para adultos.

***

Provocação (The door in the floor, 2004. Direção e Roteiro de Todd Williams, baseado na obra “Viúva por um ano”, de John Irving. Com: Jeff Bridges, Kim Basinger, Jon Foster e Elle Fanning).

Como a dor provocada pela perda dos filhos pode fragmentar tanto a vida de duas pessoas a ponto de desgastar e arruinar o feliz relacionamento que mantinham até então?

Essa degradação e todas as complicações que advêm dela constituem o fio condutor de “Provocação”, um drama maduro e consistente, que aborda de maneira sensível temas bastante complexos.

Ted Cole (Jeff Bridges) é um renomado escritor de sombrias histórias infantis. Ele é casado com Marion (Kim Basinger), uma mulher que vive em estado de apatia constante e visível amargura. Os dois tiveram um casamento feliz, mas não conseguiram superar a morte precoce de seus dois filhos, apesar da mudança de ares e do nascimento de Ruth (Elle Fanning, tão talentosa quanto a irmã Dakota), a filha caçula do casal.

A tragédia parece ter interrompido suas vidas, gerando em ambos um terrível isolamento emocional: Ted se mantém ocupado para fugir de seu próprio sofrimento, enquanto Marion é incapaz de vencer a letargia e assumir seu papel de mãe. A garotinha, por sua vez, vive absorvida pela onipresença dos irmãos mais velhos nas inúmeras fotografias penduradas pela casa e carrega o peso de não poder substituí-los.

Essa vida por um fio, mas até certo ponto estável, é abalada quando o jovem Eddie (Jon Foster) é contratado para ser assistente de Ted durante o verão. Sua chegada – e posterior relacionamento sexual com Marion – traz à tona esses problemas latentes e obriga o casal a lidar com eles.

O diretor Todd Williams revela-se discreto e dá espaço suficiente para o ótimo desempenho do elenco, indispensável para transmitir uma gama de sentimentos e sutilezas que não podem ser expressos por meio de palavras.

Por que você deve ver:
Embora se estabeleça um estranho "triângulo amoroso", não é sobre este fato que o filme põe os holofotes, mas sim sobre aquelas questões indizíveis da existência humana quando permeada de dor e culpa, o que, por si só, já faz dele um grande filme. Além disso, o tom melancólico é intercalado por seqüências muito bem-humoradas, o que confere certa leveza ao longa.

Por que você pode não gostar:
Não é um filme dos mais fáceis no que tange à sua dimensão psicológica. Muito do que é transmitido ao espectador vem por meio das entrelinhas e de planos silenciosos, podendo desagradar às pessoas que preferem enredos mais objetivos e explícitos.

Veja com atenção:
Note que o título original do filme é o mesmo do livro infantil escrito por Ted, (literalmente, “A porta no chão”) e, além de ser muito mais adequado, é também evocativo e simbólico. Desse modo, esqueça o inexplicável título brasileiro (“Provocação”), que não representa bem a história que vemos nem as atitudes dos personagens.

Se ainda não viu, experimente!

18 setembro, 2009

Mosaicos impressionantes

Murais formados em mosaico, a partir de pinturas menores.
Abaixo o Adão de Michelangelo pintado por Lewis Lavoie ao redor do mundo.


E este mural com pinturas de muitos artistas de vários países.


Vale a pena fuçar todo o site e esmiuçar cada quadro formador do mosaico!
Mais exemplares e informações no site oficial do projeto Mosaic Mural:
http://www.muralmosaic.com/murals.html

09 setembro, 2009

Mau Gosto #3

O marido para a esposa:
- Onde é que você passou a tarde inteira???
- Ora, eu estava no dentista...

Pergunta:
Com base nesse logotipo do tal dentista, o marido tem motivos para suspeitar de sua esposa?
Resposta:
Não sei, mas minha mulher não vai frequentar esse dentista!

Humor

Leonardo à solta:
(clique nas imagens se quiser ampliar)















As charges estão aqui:
http://rasuralivre.blogspot.com/

07 setembro, 2009

Patriotismo

Alguém já disse que "o nacionalismo é uma doença que se cura viajando". Concordo.
Sonhe com um Brasil independente neste dia sete...

04 setembro, 2009

Poema do dia



(Poema publicado antes
neste blog)

BIZARRO

Às vezes a natureza pinta formas tão bizarras,
que nunca ficariam bem se fossem pintadas pela mão humana.

Qualquer lagosta ou moréia é exemplo claro disso.

Um cachorro de costas, acho que ninguém saberia como desenhá-lo.

Um gole mal dado numa cerveja quente produz uma cara inimitável.

E assim também o insondável brilho dos olhos no primeiro beijo,
o riso incontrolável, que vence os lábios,
ou o insubordinado ato falho, que escapa da prisão inconsciente...

O latejar das veias de um terrorista e o suor que escorre do seu rosto tenso,
no momento de explodir, são o resultado de processos mentais intangíveis.

O olhar atônito sobre a Hiroxima atômica
só continuará nos olhos radioativos de quem a viu.

Ninguém saberia reproduzir o embaraço
de um cãozinho vigiando o cadáver podre de seu único dono.

Ninguém poderia experimentar o nó na garganta do homem-pássaro
que despencou do céu e se esborrachou no meio da rua sem pedir licença.