Na
minha humilde opinião, só quem tem direito a licença poética é quem erra
de propósito, conhecendo o erro e preferindo mantê-lo por conveniência de estilo. Defecar sobre uma gramática julgando
que está pondo uma cereja num bolo não é licença poética, senão erro puro e simples, ou, na melhor das hipóteses, desleixo.
Há casos em que os erros gramaticais, além de não prejudicar a música, ainda são necessários para um ajuste de métrica e rima, ou mesmo para uma adequação à linguagem de quem fala (por exemplo, se o eu-lírico é uma pessoa sem instrução, não adianta usar vocabulário erudito, pois aí não combinaria).
Há casos em que os erros gramaticais, além de não prejudicar a música, ainda são necessários para um ajuste de métrica e rima, ou mesmo para uma adequação à linguagem de quem fala (por exemplo, se o eu-lírico é uma pessoa sem instrução, não adianta usar vocabulário erudito, pois aí não combinaria).
Por outro lado, se os erros soam deselegantes ou prejudicam a interpretação, a experiência auditiva fica prejudicada. Principalmente se são erros injustificáveis.
Você, o Amor e Eu
(Carlinhos Brown)
Uma saudade de nós bateu
E o colchão desabou sem tempo
O coração disparou por dentro
Parei no seu movimento
Depois
Quase explodi por nós dois
Pra quê
A gente ficar de mau
Se dói, se dói
Quero aquecer, ter calor
Te ter
Sem águas que desaguou
Embora não sei
Quem de nós dois vai segurar nós três
Será que é ela, será que é o mundo
Haverão-verão-verão verões
Haverão-verão-verão verão nós
Haverão-verão-verão verões
Haverão-verão-verão verão
Se é amor verdadeiro
Tem chance
Por existir natural
Romance
Que o tempo não metralhou
Foi bom
Foi beijos que desarmou
Fiquei
Quem de nós dois vai segurar nós três
Será que é ela, será que é o mundo
Haverão-verão-verão verões
Haverão-verão-verão verão nós
Haverão-verão-verão verões
Haverão-verão-verão verão
Venha ver o sol
E o que é seu
E viver o mar
Também
Oromim má
Oromim má
Oromim má
Muito obrigado por você me amar
Muito obrigado por você me amar
(não é a fonte oficial, mas está disponível em:
https://www.letras.mus.br/carlinhos-brown/vc-o-amor-e-eu/)
(Carlinhos Brown)
Uma saudade de nós bateu
E o colchão desabou sem tempo
O coração disparou por dentro
Parei no seu movimento
Depois
Quase explodi por nós dois
Pra quê
A gente ficar de mau
Se dói, se dói
Quero aquecer, ter calor
Te ter
Sem águas que desaguou
Embora não sei
Quem de nós dois vai segurar nós três
Será que é ela, será que é o mundo
Haverão-verão-verão verões
Haverão-verão-verão verão nós
Haverão-verão-verão verões
Haverão-verão-verão verão
Se é amor verdadeiro
Tem chance
Por existir natural
Romance
Que o tempo não metralhou
Foi bom
Foi beijos que desarmou
Fiquei
Quem de nós dois vai segurar nós três
Será que é ela, será que é o mundo
Haverão-verão-verão verões
Haverão-verão-verão verão nós
Haverão-verão-verão verões
Haverão-verão-verão verão
Venha ver o sol
E o que é seu
E viver o mar
Também
Oromim má
Oromim má
Oromim má
Muito obrigado por você me amar
Muito obrigado por você me amar
(não é a fonte oficial, mas está disponível em:
https://www.letras.mus.br/carlinhos-brown/vc-o-amor-e-eu/)
Achei
linda a música, desde a primeira vez em que a ouvi. De verdade. Porém, seus "erros" (e ressalte-se muito bem essas aspas!) não me passaram despercebidos. Vejamos:
"Sem águas que desaguou", por exemplo, ficou desengonçado. Esse verso só funcionaria se a gente for pensar que alguém desaguou essas águas (estaria Carlinhos se referindo ao pranto?), caso contrário, deveria ser "desaguaram". No caso dessa frase, bastaria só colocar "água" no singular e estaria tudo resolvido, qualquer que fosse o sentido empregado. O mesmo se diga do trecho "foi beijos que desarmou".
Igualmente desajeitada é a frase "haverão verões" (o verbo haver, em sentido de existir, é impessoal e deve ficar na terceira pessoa do singular "haverá verões"). Por melhor que seja o som do trocadilho com verões, o resultado é um erro crasso. E a parte "Embora não sei" não é lá muito melhor (deveria ser "embora não saiba").
"Sem águas que desaguou", por exemplo, ficou desengonçado. Esse verso só funcionaria se a gente for pensar que alguém desaguou essas águas (estaria Carlinhos se referindo ao pranto?), caso contrário, deveria ser "desaguaram". No caso dessa frase, bastaria só colocar "água" no singular e estaria tudo resolvido, qualquer que fosse o sentido empregado. O mesmo se diga do trecho "foi beijos que desarmou".
Igualmente desajeitada é a frase "haverão verões" (o verbo haver, em sentido de existir, é impessoal e deve ficar na terceira pessoa do singular "haverá verões"). Por melhor que seja o som do trocadilho com verões, o resultado é um erro crasso. E a parte "Embora não sei" não é lá muito melhor (deveria ser "embora não saiba").
Outra frase que me deixou confuso foi "Quem de nós dois vai segurar nós três?". Isso porque nada na letra indica quem é essa terceira pessoa a que Brown se refere. Ele deixou uma pista no título, podendo se tratar do amor, mas isso não me pareceu orgânico ao restante da letra. E também não sei o que o "mundo" tem a ver com o "quem de nós dois".
Não estou cobrando aqui uma erudição extrema (a mistura errada entre os pronomes "tu" e "você", por exemplo, é irrelevante e não traz nenhum problema). No entanto, a concordância verbal faria algum mal a essa composição? Claro que não!
Não estou cobrando aqui uma erudição extrema (a mistura errada entre os pronomes "tu" e "você", por exemplo, é irrelevante e não traz nenhum problema). No entanto, a concordância verbal faria algum mal a essa composição? Claro que não!
A letra, acredito eu, não é o mais importante de uma música. Brown nunca dependeu de um bom texto pra fazer uma música boa. Eu não consigo entender as letras de "Selva Branca"
ou de "Uma Brasileira", mas isso não faz a menor falta nessas composições de Carlinhos Brown, pois a melodia delas supera a necessidade de qualquer lógica.
Contudo, erros gramaticais que fustigam os ouvidos estragam a experiência de curtir o som (pois é bem através dos ouvidos que entra a música). Imagina ouvir uma canção prestando atenção nos defeitos dela? Portanto, essa música se beneficiaria muito de pequenos ajustes.
Fora isso, a melodia da música é excelente. Pontos extras pela linda voz de Quésia Luz.
PS: Qualquer erro cometido no meu texto terá sido mera licença poética, tá?
PS: Qualquer erro cometido no meu texto terá sido mera licença poética, tá?
Concordo que tem muitas coisas na letra da música que parece ser sem sentido no entanto quando ele fala. " quem de nós dois vai segurar nós três." Ele da uma ideia de que está falando de uma história de amor ou de um casal como queira definir no entanto esse " três" é aclarado em uma parte da música quando ele canta " orumim má" esse nome é dado a um orixá do candomblé. E se é feita análises das músicas de Bronw todas tem apologia a religião dele , ou melhor dizendo a sua crença. E se analisar O clip da música ele foi feito em uma casa de terreiro onde é celebrada as reuniões de quem segue essa religião.
ResponderExcluirA frase "Quem de nós dois vai segurar nós três", embora bastante específica, não encontra referência direta no restante da letra e se torna deveras vaga. Eu recorri ao título para interpretar quem é o terceiro: o amor. Mas sua interpretação, assim como qualquer outra, é lícita. Obrigado pelo comentário!
ExcluirDesculpe, mas o clipe é gravado em estúdio de gravação. a parte externa é o bairro do Candeal, onde mostra a bica, as escadarias e a rua onde fica o estúdio.
ExcluirMarcio, fuja um pouco da gramática!
Caro Claudio Jorge, agradeço pelas informações. Eu não me importo tanto com gramática quanto o texto fez parecer. o problema é quando a comunicação fica prejudicada. Uma correção gramatical me ajudaria a interpretar melhor a letra, mas isso pode ser um limitação minha. (E eu disse que gosto da música, apesar da crítica).
ExcluirAbraço
Sua crítica é ridícula e infundada...
ResponderExcluirDizer que a "crítica é ridícula e infundada" é muito superficial se não aponta um porquê. Você pode fazer melhor do que isso ;)
ExcluirMeu querido, Carlinhos Brown não faz músicas para ser entendidas por qualquer um. Ele é um dos maiores músicos do Brasil, reconhecido internacionalmente. Suas críticas não cabem nem a ele nem a canção. E por favor, na próxima vez que for fazer uma crítica a um trabalho de um cantor, principalmente um renomado como ele, estude sobre música durante muito tempo, para pelo menos chegar às unhas dos pés do escritor que criou a canção.
ResponderExcluirCaro(a) anônimo(a), sua crítica à minha crítica é totalmente passional. Nem parece que leu o que escrevi e fundamentei. Por exemplo, você leu que eu disse que a música era "linda"? E que Brown "nunca dependeu de um bom texto pra fazer uma música boa."?
ExcluirMinha análise é quase que exclusivamente gramatical. O fato de você amar o compositor não inaugura uma gramática inteiramente nova para ele. E o fato de a música ser linda não a exime de tropeços na letra.
E por favor, na próxima vez que for fazer uma crítica sobre qualquer texto (seja o autor renomado ou não) tenha apenas o bom senso de ANTES ler com cuidado e interpretar corretamente.
Minha dúvida eterna: quem é a terceira pessoa?
ResponderExcluirQuem conhece minimamente Márcio, sabe que ele não escreve pra "lacrar". É reflexivo, admira e estimula discussões e nunca rechaçou quem pensa diferente dele. Demorei pra descobrir o Blog, mas já estou ansiosa pra ler novos textos.
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