14 abril, 2009

A velha disputa entre a aparência e a essência

No brilhante Luzes da Cidade, uma das muitas obras-primas de Chaplin, uma cega vendedora de flores toma o vagabundo como um homem rico e ele, apaixonado por ela, sustenta a farsa enquanto pode. O que o vagabundo não percebe é que ele não precisaria lançar mão desse expediente, uma vez que a garota gosta dele como de fato é, sendo rico ou não.

Estou falando tudo isso porque, muitas vezes, deveríamos perceber as pessoas sem o filtro preconceituoso que a visão nos oferece, algo muito bem abordado no Ensaio Sobre A Cegueira, de José Saramago.

Assim, minha reação ao assistir a este vídeo foi semelhante a de todos os presentes: descrédito. Trata-se do programa britânico Britain’s Got Talent, em que a Senhora Susan Boyle, de 47 anos, revela toda sua grandeza vocal após uma recepção cheia de deboche. Vale a pena conferir.

A velha disputa entre a aparência e a essência é uma guerra de duas etapas: primeiro, aquilo que parece é sempre vitorioso. Para que a essência vença, precisa de muito esforço para desfazer a primeira impressão. É bem verdade que a produção planejou tudo para que este contraste ficasse mais visível e impactante, mas isso não muda o fato de Susan "ser" muito mais do que "parece".


Clique na imagem para assistir

2 comentários:

  1. Olá, nobre Márcio!

    Este vídeo me fez pensar sobre o poder dos cantos de sereia aos quais nos deixamos levar. Julgar o aparente como verdadeiro, fazendo com que o essencial nunca seja percebido. Obrigado pelos insights proporcionados!

    Vejo que você gosta de bons filmes. Assim, gostaria de partilhar com você uma postagem já antiga no Transcendência, que data de 14 de junho de 2008, intitulada "Entre o encanto da vida e o temor da morte." (http://neonopaisdamatrix.blogspot.com/2008/06/entre-o-encanto-da-vida-e-o-terror-da.html). Acesse este link e veja se este filme já faz parte do seu repertório.

    Vejo a sensibilidade deste roteiro, baseado na obra do Manuel Rivas (escritor espanhol), como uma obra de arte. Realmente este filme me causou forte comoção.

    Estou preparando uma conferência para ser apresentada na Semana de Letras da Uneb (Campus de Caetité-BA), intitulada "Cinema e Linguagem: a significação em movimento." Atualmente, estou às voltas com a leitura de três interessantes livros: A mulher vai ao cinema; A escola vai ao cinema; A infância vai ao cinema (os três da Editora Autêntica). Neste último, está contido um artigo sobre o filme ao qual me refiro "La Lengua de las Mariposas" (A Língua das Mariposas), do diretor José Luis Cuerda.

    Novidade: dois colegas meus do DFCH/UESB irão ministrar um curso de extensão universitária aberto à comunidade intitulado Filosofia e Cinema. Como você gosta de cinema e também se interessa por Filosofia, penso que tavez fosse interessante você saber dessa notícia... quem sabe você queira participar?!

    Cara, gostaria de ter seu e-mail, para que, sempre que eu tiver algo interessante a partilhar, eu possa lhe comunicar. Prometo que não o incomodarei em seu processo "nefelibático" e em sua relação de "misantropia" com e-mails inoportunos com mensagens de otimismo montadas em apresentações em power point (rsrsrs)! Se lhe for interessante, pode me contactar pelo meu e-mail contido em meu perfil aqui no Blogspot.

    Abraço, cara!
    Clédson

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  2. Fantástico! Amo as orquídeas, elas se assemelham aos pobres mortais, sua embalagem é um "quase nada", entretanto, quando explodem... Santo Deus!!! Susan Boyle,é uma humana-orquídea que tem alma de rouxinol, essas e outras, compõem a chama da ternura que ainda habita em mim.
    Nick Vujicic reforça minha tese, tudo é possível, a depender de onde, e com quem estamos sintonizados... É a lei.
    Meus agradecimentos, Márcio!
    Bjos!

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Eu agradeço o comentário!